Seja responsável pela sua virada, pelo seu crescimento financeiro

No Brasil, a estatística é alarmante: mais da metade dos brasileiros gasta mais do que ganha. E nessa fase, com muitos tendo uma redução de renda, tantos outros perdendo o emprego, a situação, no geral, agrava ainda mais. Isso resulta num grande número de endividados e superendividados, muitas vezes por falta de conhecimento do básico em relação à gestão financeira pessoal e familiar, que faz com que as pessoas usem, por exemplo, o cheque especial e o cartão de crédito como extensão da renda. Na verdade, se o uso do cartão de crédito, por exemplo, está sendo feito a certa altura do mês devido à falta de recurso, deveria ser com grande cautela, evitando valores maiores, deixando para parcelar no último caso, uma vez que tudo isso se acumula, e aumenta as despesas do mês seguinte. Afinal, por que tudo isso acontece e se repete com tanta gente, dos mais diversos estados, formações, idade e mais…? Porque somos órfãos de educação financeira. Não aprendemos a lidar e cuidar do dinheiro na escola, na faculdade, o governo e a mídia não ajuda e tampouco a nossa família, já que elas vêm desse mesmo ciclo e também não tiveram acesso a tal conhecimento e, com isso, sem a possibilidade de nos ajudar. Ficamos realmente largados nesse sentido, mas isso não quer dizer que diante desse contexto, podemos relaxar e viver correndo atrás do rabo, absolutamente não!

Se você está nessa parcela da sociedade que se encontra enrolado financeiramente, se trabalha, trabalha e se sente um pagador de contas, aquele que está na corrida dos ratos, ou até mesmo endividado, é hora de correr atrás para virar o jogo.

O marco zero é reconhecer que você precisa assumir a sua real situação. Não adianta continuar levando a vida como se nada estivesse acontecendo: fazendo compras de algo que não é prioridade, usar o cartão de crédito com medo, planejando ou de pronto fazendo viagens, frequentando restaurantes ou fazendo pedidos frequentes nos aplicativos e deliverys,  comprando supérfluos e caindo em muitas tentações de frete grátis, e-mail com promoções e anúncios via instagram e outras redes. Segura aí, vai com calma, porque dessa forma o jogo não vira, nada vai mudar. Assuma a situação que você se encontra, perceba a necessidade para uma real mudança, entenda que ninguém é mais capaz de mudar a sua vida do que você mesmo, então não terceirize essa responsabilidade.

Para quem está no buraco, a primeira coisa que deve fazer é parar de cavar. Encarar a vida financeira em dois formatos: o endividamento que já existe e as contas do mês. Então, a busca é para entender o quanto gasta e com o que gasta para não gerar novas dívidas. Pois equilibrando o mês a mês, não vai aumentar o passivo e isso vai dar condição de negociar os pagamentos junto ao endividamento que já existe. Desta forma, o objetivo é ter a receita do mês pagando o que você precisa, sem precisar gerar novas dívidas. Isso não resolve o passivo feito por dívidas passadas, mas, no momento, se você parar de cavar no mês a mês, pelo menos empatando o seu orçamento, tenha certeza que é uma conquista. Claro, o próximo passo é poupar, fazendo reserva para que possa efetivamente renegociar o passivo que tem, procurando melhorar as condições e pouco a pouco virar o jogo, mudar a sua realidade financeira, entrar na linha do crescimento financeiro. Mas isso não acontece só no seu bolso, com os números, é algo fortemente comportamental, pois as suas escolhas influenciam diretamente, o seu padrão de vida deve estar muito adequado a sua realidade para que você passe a circular numa via mais rápida da vida financeira.

Com isso em mente, parta para o segundo passo. Liste todas as suas dívidas de forma detalhada: identifique os credores, sejam instituições financeiras, um familiar ou amigo. O valor e a condição acordados também são importantes, por exemplo, dez parcelas de R$ 100. Anote também o status que você se encontra, como por exemplo, na parcela três de dez. Por fim, saiba a taxa de juros, o custo efetivo total de cada dívida. É comum que as pessoas só se atenham se o valor da parcela cabe no orçamento mensal e esqueçam de ver a taxa de juros e o quanto ela pode ser selvagem, abusiva. Esse mapeamento é fundamental para dar clareza do montante da dívida, já que a maioria tem uma noção, mas não tem precisão.

Feito isso, é hora de elencar as prioridades para a quitação das dívidas. Sabendo que, quanto mais alta a taxa de juros, maior a chance de renegociar e baixar. Sobretudo para quem fez empréstimos antigos, quando a Selic, taxa básica de juros do país, era mais alta se comparada ao patamar atual. Não deixe de tentar renegociar as suas dívidas! E se isso não for possível na instituição financeira que você deve hoje, tente condições melhores em outra e quite a situação junto à atual, trocando assim uma dívida mais cara (de juros maiores), por uma mais barata (com juros menores), isso faz uma diferença grande, não menospreze o que aparenta ser um pequeno percentual, o estrago dele no seu orçamento pode ser bem grande.

E, não menos importante, dedique tempo para cuidar das finanças, tema que já foi tratado aqui. Dedique 1% do seu mês para isso e fará toda a diferença!

Por fim, aja com positividade, o pessimismo, vitimismo ou negatividade não te ajudarão em absolutamente nada. Tenha ânimo, vida, brilho nos olhos, faca nos dentes para fazer acontecer, essa é a verdade, e aqui te fala quem conseguiu orientar e ajudar centenas de pessoas nesse processo de virada financeira. O passo a passo para listar as dívidas, tentar renegociar junto às instituições financeiras, entender a real situação… tudo isso demanda tempo, pede sua dedicação, envolvimento e disciplina. E a positividade também é importante para não ficar na inércia achando que nada vai mudar. Só depende de você para trazer essa reviravolta na vida financeira, afinal, como dizia Einstein: “loucura é continuar fazendo a mesma coisa e esperar resultados diferentes”.

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