Você já ouviu falar na economia prateada?

Escutei falar pela primeira vez nesse termo “Economia Prateada”, no ano de 2017 ou 2018, e, na verdade, ele ainda é pouco usado. Segundo o estudo TSUNAMI60+, o termo significa a soma de todas as atividades econômicas associadas às necessidades das pessoas que têm mais de 60 anos e aos produtos e serviços que elas consomem ou um dia vão consumir.

Estamos falando de algo que desponta como a terceira maior atividade econômica no mundo, e no Brasil representa cerca de 20% do consumo nacional. Quando vamos para os números em relação à bolsa de valores, os investidores 60+ são responsáveis por quase 55% de todo o capital investido por pessoas físicas, o equivalente a cerca de 274,1 bilhões. Segundo dados da B3, até abril de 2021, 563 mil investidores com mais de 56 anos estavam na Bolsa, isto é, pouco mais de 15% dos CPFs cadastrados.

Sim, ainda existe um desencontro em relação à idade. Vemos menções que se referem a partir de 50 anos (acho muito jovens), a partir dos 55 ou 60 anos como a idade inicial dos que estão nessa geração prateada, sendo denominados como a idade de entrada da economia prateada, como aqueles que começam a fazer parte desse grupo. Com a pandemia, o crescimento dos consumidores on-line a partir de 55 anos foi muito grande, o que faz com que o envolvimento e participação da economia prateada seja ainda mais alta, e naturalmente tende a se expandir devido à média de idade de nossa população e também ao avanço da tecnologia. De certo, essa geração que agora entrou com tudo nesse mercado, veio para ficar.

Por essas e outras, vale a reflexão em relação ao seu negócio ou ao meio que você trabalha. Como tem olhado para esse público? Sem dúvidas, é mais do que hora de considerar e se voltar também para ele.

Como trouxe um pouco acima, a população nessa faixa etária tende a crescer no Brasil nas próximas décadas, como é possível observar na Projeção da População do IBGE, que indica que em 2043 um quarto da população deve ter mais de 60 anos. Hoje, o Brasil tem cerca de 13% da população na faixa dos 60 anos, o que representa mais de 28 milhões de pessoas. De fato, muito a crescer, isso representa mais movimento para a Economia Prateada, mais demandas e oportunidades.

Uma pesquisa recente do IBOPE, mostrou que a pandemia deu um empurrãozinho na adesão a mais tecnologias, como os aplicativos transacionais (pagamentos, compras e afins), que sempre foi algo que gerou medo nesse público. Em pesquisa recente com pessoas acima de 55 anos, se viu, por exemplo, que 45% deixaram de ir às agências bancárias, enquanto 42% passaram a usar mais os canais on-line. Com isso, é menos exposição, e não só durante a pandemia, mas depois também, mais segurança, praticidade e conforto.

Mas é importante entender bem o público, pois entre 50 e 75 anos, a diferença é grande. Estão na economia prateada, mas os costumes, interesses, ritmo e mais hábitos mudam bastante nessa faixa ampla, por isso, quem tem interesse de alcançar esse público precisa segmentar bem, entender e planejar, criar a estratégia ideal que procure o melhor dessa relação para os dois lados. Sem dúvidas, falamos de um grande potencial de mercado, que tem muita demanda e hoje ainda é pouco observado.

Um público que cada vez mais segue ativo no trabalho, nas viagens, no consumo, na rotina. Se você parar para pensar, quando se fala de vovô e vovó, o que vem à mente de primeira já não é um senhorzinho de bengala ou uma senhora na cadeira de balanço fazendo crochê. O tempo voa e pessoas como Bruna Lombardi, Madonna, Maitê Proença, Gretchen, já passaram dos 60 anos, a Xuxa está quase lá! Outros como Serginho Groisman, Tony Ramos e Faustão já bateram os 70 e por aí vai.

Naturalmente, a atenção aos cuidados com a saúde aumenta nessa fase da vida, mas também é importante o cuidado financeiro, pois surgem as demandas pessoais e familiares. Por isso, a necessidade de um olhar sob as finanças, equilíbrio e planejamento para que possa viver da melhor forma nessa fase, colhendo os frutos do que se plantou ao longo da vida, ou ainda tentando ajustar o que não foi feito com o passar dos anos.

Certamente, você já deve ter ouvido alguém questionar o porquê de guardar dinheiro para quando ficar velho, ou que ficar rico depois de velho não tem graça, mas eu acho que deve ter sim! Isso significa a possibilidade de escolher um bom plano de saúde, de poder curtir a vida e viajar, se divertir sem maiores limitações e dores de cabeça devido aos problemas financeiros, não depender dos filhos, familiares ou ajuda de terceiros nesse período, entre outras razões que justificam de forma clara e bem válida isso. Vale, portanto, a reflexão e o olhar para esta geração, para a economia prateada e em relação ao que você vem plantando ou plantou para o que deseja colher hoje e mais adiante.