A taxa Selic e o entendimento da influência dela no seu bolso

Recentemente, tivemos a última reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária) no ano de 2022 para revisão da taxa Selic, que terminou fechando o ano em 13,75%. Para a nossa abordagem aqui, é importante você saber o que é a taxa Selic e o que os ajustes nela impactam a economia do nosso país e, sobretudo, o seu dia a dia, por isso começo te dando clareza nesse sentido.

Indo direto ao ponto, a taxa Selic é a taxa básica de juros do nosso país. Ela serve de referência para diversos tipos de empréstimos, financiamentos e até mesmo para os investimentos. Em especial os investimentos de renda fixa, que são atrelados em sua maioria ao CDI, que historicamente acompanha de perto a Selic, sendo 0,1% menos do que ela.

A taxa Selic aparece entre as principais notícias a cada 45 dias, que é o intervalo em que o COPOM se reúne para decidir se ela ficará no mesmo patamar ou se terá algum ajuste para cima ou para baixo.

A Selic é o principal instrumento usado pelo Banco Central para controlar a inflação, isso resume de forma simples o objetivo maior da taxa. E isso já explica também o porquê das altas seguidas que tivemos na taxa Selic recentemente: a inflação disparou nos últimos anos devido a todo o contexto da pandemia, que ainda traz grandes reflexos econômicos. Por isso, a taxa Selic subiu, com o objetivo de segurar a inflação.

Vale lembrar que durante boa parte de 2020, devido à pandemia, a taxa Selic esteve no piso histórico de 2% ao ano, mas por que ela caiu tanto naquele período? Quem nos acompanha aqui semanalmente, já tem conhecimento disso, mas vale sempre reforçar.

Naturalmente, uma das principais razões para a taxa Selic tão baixa em 2020 foi a necessidade de tornar o crédito mais acessível, ou seja, o dinheiro mais barato e, dessa forma, possibilitar que mais pessoas físicas e jurídicas tomassem crédito. Ninguém iria tomar dinheiro emprestado, pagar juros, para deixar parado, não é mesmo? Esse dinheiro foi injetado na economia, seja por quem tomou empréstimo por necessidade ou por aqueles que aproveitaram a oportunidade dos juros mais baixos para realizar determinados projetos. Com isso, a economia se movimenta, o que, por sua vez, quando vemos os juros mais altos, vai na contramão disso: tomar crédito, fazer empréstimo fica menos atrativo, mais caro e, consequentemente, menos pessoas passam a ter dinheiro na mão. Movimentando menos a economia, a relação oferta x demanda dos produtos e serviços tende a cair, a inflação também, e é isso que se busca atualmente.

Com o objetivo de reduzir a inflação, a taxa básica de juros sobe, de forma que gera mais escassez no mercado e pouco a pouco derruba a inflação, procurando manter num patamar mais saudável para a nossa economia, porém isso não contribui para o crescimento da economia, dos negócios, oportunidades e empregos no país.

Com a Selic alta ou baixa, surgem oportunidades também, mas claro, isso depende dos olhos de quem vê. Entre agosto de 2020 e março de 2021, e até depois disso também, porém em menor quantidade, orientei vários clientes a renegociar a taxa de juros do financiamento imobiliário deles, o que foi totalmente possível fazer nesse período. A maioria expressiva teve êxito nesse processo, afinal, com a taxa Selic mais baixa, abriu espaço e tornou possível essa redução acontecer. Isso causa um impacto grande na projeção dos custos da operação, uma vez que se trata de um financiamento de longuíssimo prazo, na maior parte dos casos, reduzindo de forma bastante positiva o valor da parcela mensal.

E se você não aproveitou essa oportunidade, agora de fato não está nada fácil, é improvável que consiga renegociar os juros do seu financiamento imobiliário com a taxa básica de juros, a Selic que serve como referência, estando no patamar atual, mais alta.

E nos últimos dias alguém me perguntou algo como: “então quer dizer que com a taxa Selic mais alta, os meus investimentos na renda fixa rendem mais?” Isso mesmo, é verdade. Porém, em boa parte do período de Selic mais alta, a inflação também esteve mais alta, ou seja, os investimentos rendem mais, porém, os gastos do dia a dia também estão altos, na prateleira do supermercado, no combustível e mais. E com base nisso, tem muitos investidores que saem ou reduzem bem a sua posição da renda variável e aumentam na fixa, pois a relação risco retorno da renda fixa se tornou bem atrativa.

Vale sempre lembrar também que o Brasil não está na contramão do mundo, os juros estão altos em vários países com a economia bastante sólida, como EUA, Japão, Alemanha, Inglaterra e tantos outros da Europa.

Vamos acompanhar os fatos, pois daqui para frente tem mudança de governo, enfim um ano esperado, no sentido de não reviver repiques do covid. Uma vez que a pandemia ficou para trás, a expectativa é de retomada não só no Brasil, mas por diversos países em relação ao cenário econômico.

Abraço e até a próxima!