Quando alguém diz que “fulano é doido” sempre escuto a seguinte resposta: “é nada, ele não rasga dinheiro”. E aí, trabalho com educação financeira desde 2013 e o que vejo, absolutamente todos os dias, durante todos esses anos, é que as pessoas rasgam, sim, dinheiro.
Estou falando com você! Você rasga dinheiro, acredite nisso! Mas não posso dizer que você é doido porque você faz isso, possivelmente, de forma inconsciente. Quero que você pense e reflita sobre isso. Você sabe em qual momento da sua rotina você rasga dinheiro? Será que se tivesse consciência disso, se permitiria?
Sabe aquele dia da semana que você resolve almoçar no shopping com um colega de trabalho e, antes de retornar para cumprir o restante do expediente, você decide tomar um café que custa R$ 5? A fila do caixa está grande, mas tem outra cafeteria ao lado e a fila está bem menor. Detalhe: nessa, o café custa R$ 10. Isso é rasgar dinheiro! Não se trata de apenas R$ 5 reais de diferença no preço do café, se trata do dobro do preço! 100% mais caro. É assim que você precisa pensar. Com isso, não estou falando que você deve cortar o cafezinho, sou muito a favor dos prazeres e das coisas boas da vida, afinal, trabalhamos no dia a dia para viver também o que gostamos, mas, claro, com equilíbrio a fim de que seja possível realizar os objetivos maiores.
Deixa eu te contar sobre outra situação. Já vi dezenas de pessoas justificando que o valor pago pela tarifa do pacote de serviços junto ao banco dá direito a uma quantidade X de doc’s e ted’s. Só que, na prática, não usam nem metade do que o pacote contempla. Já aprendeu o que isso significa? Rasgar dinheiro, sobretudo quando temos o PIX, que já está contribuindo para o caminho sem volta do desuso de ted´s e doc´s, tal como aconteceu com os talões de cheque depois da chegada do cartão de crédito. Muita gente sequer percebe que paga mês a mês para ter a sua conta no banco, e o débito disso está no extrato de muitas pessoas, que realmente nem conferem e tampouco sabem que tem direito a um pacote de serviços essenciais que não tem custo.
Acho difícil que você não rasgue dinheiro em nenhuma situação do seu dia a dia. O que você precisa começar a fazer é anualizar as despesas, pois se você acha pouco os R$ 5 do seguro mensal para o seu cartão de crédito, quando observar que no ano custa R$ 60, pode refletir melhor a respeito. Talvez, você já tenha ouvido falar sobre isso, mas não teve estímulo para praticar, anualize suas despesas, isso certamente te leva a refletir melhor sobre elas. Refletindo algo mais sobre o exemplo do cafezinho depois do almoço, de fato, a diferença de R$ 5 não muda a vida de ninguém. Mas, já aprendemos que devemos pensar no percentual e não no valor. Deixe-me aproveitar para fazer uma reflexão: tem possibilidade de, ao fim de um mês de trabalho, seu chefe dar um tapinha nas suas costas e dizer “parabéns! Excelente produtividade, vou te pagar o dobro esse mês”. Essa situação é bem improvável de acontecer, eu sei. Mas, então, por que você se permite pagar o dobro num café com base naquela situação?
Voltando para o assunto de anualizar as despesas… Isso significa que você precisa multiplicar as suas despesas por doze (um ano) para entender o peso e impacto de cada uma delas. Vamos para a prática e fazer umas contas sem nenhum grau de dificuldade. O resultado é surpreendente!
A diferença do café é de R$ 5 e você toma uma vez por semana (sei que pode ser duas, três, cinco vezes na semana, mas vamos imaginar que seja uma e isso já impacta, ok?). Num mês de quatro semanas, são R$ 20 que você rasgou. Em doze meses, são R$ 240! Isso mesmo: duzentos e quarenta reais jogados no lixo só pelo cafezinho, repito: não estou motivando a cortar o cafezinho, mas talvez o de R$ 5 traga o mesmo efeito, momento de relax e papo do de R$ 10.
Tem quem pague R$ 30, R$ 50, R$ 60 até R$ 70 ou mais de tarifa pelo pacote de serviços do banco. Vou usar como exemplo o valor de R$ 60 que é bem comum. Em um ano, essa soma dá R$ 720. Pensando que a sua relação com o banco é antiga, talvez desde o seu primeiro estágio na fase estudantil, já imaginou o quanto você já rasgou? Melhor nem calcular. Mas lembro que você poderia gastar zero com isso, como falei mais acima, aderindo ao pacote de serviços essenciais que é um direito do consumidor.
Para alterar o seu pacote atual para o de serviços essenciais que é sem custo, basta solicitar ao seu gerente. É um direito seu, repito! (Resolução 3.919 do Banco Central do Brasil) Concordamos que para uma economia de R$ 720 por ano, vale uma ida ao banco, não é mesmo? Isso sem falar na anuidade do cartão de crédito, que muita gente paga sem aproveitar benefício algum do que isso traz, ou seja, poderia ter tranquilamente um cartão sem anuidade e aproveitar a ferramenta de crédito sem ter que pagar para isso.
É provável que você rasgue dinheiro com outras coisas no seu dia a dia. A reflexão que fica aqui é que você deve pensar no percentual que cada despesa impacta e anualizar os gastos. Corra atrás das mudanças, não se permita mais rasgar o seu dinheiro, a mudança começa em você, na sua atitude!