Quando ter o próprio negócio se torna a alternativa

Não é novidade para ninguém a turbulência do período vivido no mundo, lembro que há alguns anos, estávamos – Brasil – vivendo um outro período turbulento, e como alguns se referem, não tivemos a possibilidade real de sair da UTI com tranquilidade e antes mesmo da alta, outra bordoada nos derrubou, e desta vez num sentido mais amplo, mundial, saúde, emocional, humano, econômico e muito mais.

O desemprego em índices alarmantes, a população que, de modo geral, não se organizou financeiramente para enfrentar algo nesta proporção, pois, de fato, vem de forma inesperada. E quem esperava uma pandemia? Certamente, pra frente, depois dessa experiência, já ficou clara a importância de estarmos preparados, cientes da necessidade de ter uma reserva de emergência, e o capital de giro para as empresas.

O cenário é devastador, um número grande de vidas perdidas, isolamento, questões psicológicas, o desemprego, instabilidade política. Porém, mesmo diante de tudo isso, as contas não param de chegar e, sem muitas alternativas, as pessoas precisam se movimentar e o mais comum nos últimos meses é CNPJ’s que encerraram as atividades, um número altíssimo. Mas hoje trago a outra ponta. Meio à pandemia, mais de 1 milhão de CNPJ’s foram abertos, em sua esmagadora maioria (8 a cada 10), o MEI (Microempreendedor Individual) e, entre esses, muitas pessoas que aceitaram a contratação como PJ, a chamada “pejotização”. Um forte indício do abandono das relações formais de trabalho, o que pode abrir portas, mas também reduz o acesso a vários direitos e possibilidades em relação à CLT.

Entre as atividades com mais negócios abertos em 2020 temos: vestuário, salões de beleza, promotores de vendas, vendedores de marmita, serviços de construção civil, lanchonetes e motoristas de aplicativo.

Vamos em frente, é fundamental entender que entre abrir um negócio e ele se firmar, há um ciclo que requer planejamento, paciência, conhecimento, organização e muito foco. Em momentos como esse, vemos no Brasil uma crescente da abertura de novos negócios, mas como pode isso num momento de crise? Vem para contrariar a lógica? Na verdade não, é um ciclo natural e que se repete em momentos de alta do desemprego e baixa da economia, e neste cenário acentuado fortemente pela pandemia. Pela falta de oportunidade, e devido à necessidade de se manter e gerar receita, as pessoas buscam meios, e a forma encontrada muitas vezes, é desenvolver, abrir um negócio, prestar um serviço e, para muitos, empreender.

Diferente de 2012 – 2013, quando a abertura de novos negócios também esteve em alta, numa proporção bem menor que o período que atravessamos, mas ainda considerável, as pessoas que faziam parte deste ciclo, enxergavam oportunidades no momento de euforia da economia e viviam tal momento como a chance de realizar projetos, sonhos e objetivos de vida.

De uma forma ou de outra, é essencial que se tenha cautela, entender que o negócio precisa de um tempo para se firmar e de que o dono entenda o seu negócio. Existe sazonalidade? Precisa de um ponto físico ou não? Caso sim, o ponto escolhido foi o mais adequado? O preço dos produtos/serviços está compatível com a região?

Antes de abrir um negócio, é fundamental que se pense, estruture os detalhes, o negócio em si, desde o ponto, o público alvo, como chegar até ele, os produtos / serviços que serão oferecidos, tipo de empresa que será aberta, os custos, formação de preço, capital de giro necessário, como divulgar, atrair e manter os clientes, o resultado que se espera atingir, financeiramente falando e em número de vendas, tempo de retorno do investimento, meses de alta e de baixa, como ele se porta frente a uma pandemia e fora dela e como é este ciclo, criar estratégias, metas para atingir tudo isso. Pode parecer complexo, mas o ideal é que se faça um plano de negócio mesmo, um esboço do que você pretende.

A cada empreendedor bem-sucedido, outros milhares se frustraram fortemente por terem começado de forma desesperada e despreparada. E com isso não estou dizendo que não é possível e desmotivando quem está nessa jornada, mas apenas alertando que, como li certa vez, “empreender sem se preparar é como ser sedentário e no primeiro dia querer correr uma maratona”. Isso não vai dar certo, entende?

Por mais que haja a motivação, aquela pessoa que começou do zero, sem nada e chegou lá, não é simples assim, é bom você conhecer os cases de fracasso também, aqueles que correram atrás, mas não deu em muita coisa, e não tenha dúvida, eles são a maioria.

A necessidade faz correr atrás, ir além e fazer acontecer. Tudo flui bem melhor quando você começa aos poucos, fazendo algo que gosta em paralelo, procurando conhecer negócios similares, conversar com quem já é do ramo e abertamente entender como funciona (as dificuldades, os pontos fortes e fracos, as ameaças e oportunidades), isto é, a chamada análise SWOT.

É bacana e estimulante quando você gosta do negócio, pois será o seu dia a dia ou parte importante dele. É vital estar dentro do negócio, vive-lo e com isso buscar as melhorias, ajustes e tudo o que for necessário para que se tenha o sucesso desejado.