E o tempo, como sabemos, não para, e nessa fase tem passado para cada um de forma diferente, com sentimentos e sensações que cada um descreve a sua maneira, de acordo com o que está vivendo, com o que já sofreu, aprendeu, ganhou ou perdeu nesse período.
Mas, diante de tudo isso, uma coisa é certa: as suas escolhas seguem fazendo grande diferença. Claro, não só na vida financeira, mas no todo, nem sempre é fácil “escolher” as brigas e problemas que você quer entrar ou não, o impulso, a cabeça, o dia, o momento, tudo isso influencia nessa decisão, mesmo que no fundo se tenha o conhecimento de que muitas coisas vale relevar, respirar e retornar depois. Num período de quarentena como esse, inédito desta forma ou até de qualquer outra similar para a maioria de nós, os sentimentos e a paciência em si encurta mesmo, afinal, são quase dois meses nessa, e a perspectiva que muitos tinham de que em maio ou meados desse mês as coisas estariam melhores, não se concretizou. Muito pelo contrário, assistimos algumas cidades iniciando o lockdown e tantas outras cogitando esta possibilidade, o que nos faz perceber que as coisas não vão acontecer como muitos esperavam. O comércio ainda levará um tempo para abrir gradativamente, as escolas da mesma forma para cogitar a volta às aulas presenciais e, quando isso acontecer, será iniciada pelos mais velhos, como temos visto em países da Europa que retomaram as atividades. Isto é, quem tem filho pequeno, em minha opinião, precisa ter (mais) paciência, pois eles são, sim, mais vulneráveis e devem retornar mais adiante, o malabarismo em casa deve seguir.
Desta forma, temos uma série de fatores que influenciam no nosso comportamento e, naturalmente, nas escolhas que fazemos e estas, por sua vez, impactam de forma direta na nossa vida financeira, as nossas escolhas contribuem com o que estamos decidindo não só para o nosso hoje, mas também para o nosso futuro.
É tempo de austeridade, de contingenciamento, de escolhas mais coerentes com a nossa realidade, com tudo o que passamos e de cautela em relação ao que podemos passar, cada um dentro de sua realidade, é fundamental nessa fase. Austeridade vem de austero, que indica algo sem excessos nem luxúria, simples, e em tempo de dificuldade, vidas que se perdem, pessoas doentes e trancadas em casa, muitas em depressão, solidão, sem possibilidade de manter a rotina, com os empregos em queda, empresas fechando ou passando mal. A renda se torna mais escassa e, com isso, é ainda mais importante cuidar do hoje pensando no amanhã, hora de rever algumas despesas, hora de pensar mais antes de decidir, de ajustar, enxugar e cortar gastos, equilibrar da melhor forma as entradas e as saídas do seu orçamento. De forma que, financeiramente, a sua situação seja sustentável, evitando dívidas e dificuldades que podem deixar as marcas do Covid-19 por alguns longos anos em suas finanças, o que pode dificultar a realização de alguns projetos e sonhos.
É necessário, então, partir para o essencial, e se algo mais do que isso for realmente viável, sem atropelos e de forma consciente, ok! Isto se recomenda mesmo para quem não teve arranhões, digo, redução de salário/ganhos, ou qualquer risco nessa linha, pois as mudanças têm sido constantes e até repentinas, motivo pelo qual a austeridade é educativa para esse momento, necessária, com o simples objetivo de conseguir poupar, ou mesmo de poupar mais, se preparando para eventualidades que podem surgir logo adiante.
E tudo isso é determinado pela forma que você vem encarando o seu dia a dia e as escolhas que faz. Aqui falo das escolhas comportamentais que influenciam no seu humor, e que podem te levar a agir por impulso também no campo financeiro em relação às compras, novas despesas e mais, afinal, não é preciso sair de casa para isso, bem sabemos a força e penetração do marketing em nossas vidas, pela tela do celular e sinais da internet, onde basta um aplicativo com o cartão de crédito cadastrado e um impulso para pedir uma refeição, fazer uma compra com um frete grátis ou aparente desconto anunciado.
Sim, são as escolhas e a tranquilidade para tal que nos faz ser seletivo, e não só hoje, mas, em momentos de fragilidade, têm pessoas que se tornam mais suscetíveis, portanto é válido apagar, por exemplo, os aplicativos que podem ser uma tentação com notificações insistentes nos horários e formatos estudados para atingir o que buscam em você.
Procurar manter um ambiente e a mente o mais tranquila possível para tomar decisões sem influências maiores é bastante razoável, e repito, não só hoje, isso serve para a nossa vida, pois agir por impulso, sob efeito de pressões e sentimentos que alteram o seu poder de análise e seletividade, tem tudo pra ser bem prejudicial, alterando o poder de suas melhores escolhas e te levando a consumir algo que não está alinhado com o seus valores ou plano de vida, e agindo de acordo com o momento, se gasta mais, mais energia, mais dinheiro e distancia do que realmente gostaria de viver e vivenciar.
Claro, tudo isso é aprendizado, parece filosófico, mas entender que o dinheiro não está apenas no banco ou na carteira é parte do processo, entender a psicologia do dinheiro e a influência que o seu comportamento tem em sua vida financeira, isso é construção, crescimento, para tal, todos os domingos estou aqui trazendo mais “pedras” e conteúdo para fortalecer o que você pode construir ao longo de sua vida no dia a dia (e isso é desafiador), entender que o dinheiro é o fim, e não o meio daquilo que vivemos, a felicidade, sim, deve estar no caminho, como diz a música: “Pra não perder a magia de acreditar na felicidade real. E entender que ela mora no caminho e não no final”.